Uma noite fria. Gélida. Eis que no meio da escuridão, quando todos estavam dormindo em suas camas quentes e despreocupados, uma menininha assustada está a olhar para o teto. Sua aflição é visível. Mas o que tanto te preocupa, pequenina?
O vento parecia enfurecido, e ela podia sentir a aproximação de alguém. Diferente daquelas outras crianças, ela não poderia pegar seu cobertor e ir ao quarto dos pais, pedir para dormir no meio dos dois. Mas também ela nunca teria coragem tal para se levantar. O escuro te assustava.
Mais uma vez essa garotinha de olhos pretos e brilhantes, aflitos, se diferenciava das outras. Ela não tinha medo de monstros inimagináveis. Para seu total desespero seu medo era real. Vento. Barulho. Passos. Alguém estava subindo a escada de sua casa. Não poderia ser ninguém de sua família - ela morava com a avó que infelizmente usava uma cadeira de rodas, portanto estava impossibilitada de subir.
Mais barulhos. Suas mãos soavam frio. Poderiam ouvir seu coração bater forte à uma distância de quase um quilômetro, ela pensara. Ela queria gritar, mas seu esforço seria inútil. Se ela fingisse dormir? Inútil novamente.
Viu a porta abrir. Finalmente pode ver o principal motivo de seu medo. Tinha uma boa altura, e um sorriso brilhava em seus ´lábios. O nome do seu medo não era Bicho papão ou bruxas dos contos de fada, seu medo era o bicho homem. E para piorar a situação ele estava fardado. Com a visão embaçada ela notou duas letras brilhantes em seu peito: PM. Sigla que ela sabia muito bem o que significava: Para matar.
"Se eles vêm com fogo em cima, é melhor sair da frente. Tanto faz, ninguém se importa se você é inocente. Com uma arma na mão eu boto fogo no país e não vai ter problema eu sei estou do lado da lei."
(Veraneio vascaína - Renato Russo e Flávio Lemos)
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